Os textos de Descalça fazem parte do ciclo “Leonorana” (1965-1970) de Ana Hatherly, que consiste em 31 variações do mote de Camões “Descalça vai para a fonte / Leonor pela verdura / Vai formosa e não segura.” A peça utiliza três destas variações, cada uma procurando Leonor de diferentes formas – recorrendo a “explicações” científicas, filosóficas ou líricas – mas sem conseguir quebrar a sua intangibilidade. Os vídeos criados para a peça - pela Unloop Creative Agency - relacionam-se com a poesia visual de Ana Hatherly, e com o movimento lento, ondulado e suspenso da música. A encenação, de Joana Providência, alude à distância da figura de Leonor - parte lembrada, parte imaginada – e é o fio de ligação entre os músicos no palco, a música, o texto, e a projeção de vídeo.